Diretor da PMA Automação concede entrevista para a TV Evangelizar

A discussão sobre a automação e a robótica no ambiente de trabalho é frequentemente dominada por uma pergunta ansiosa: os robôs vão roubar nossos empregos? No entanto, uma perspectiva crucial e muito mais humanitária está emergindo, focada não na substituição, mas na preservação da vida. Foi exatamente este o tema central de uma entrevista esclarecedora concedida por Hugo Ferreira, Diretor da PMA Automação e especialista em desenvolvimento tecnológico, ao programa “A Vida não para“, da TV Evangelizar.
Na conversa, Hugo Ferreira desmistificou medos comuns e reposicionou a automação industrial como uma ferramenta estratégica e essencial para a segurança do trabalhador. Aprofundando-se no conceito da “automação que salva”, ele demonstrou como robôs estão assumindo funções em ambientes onde o ser humano simplesmente não deveria estar, transformando indústrias de alto risco e redefinindo o futuro do trabalho de uma forma colaborativa e segura. Este artigo explora os pontos-chave dessa entrevista, analisando como a tecnologia robótica está se tornando um pilar para a proteção de vidas, a garantia da continuidade operacional e a evolução do mercado de trabalho no Brasil.

Desmistificando a Robótica: Uma Estratégia de Proteção, Não Apenas de Substituição
O ponto de partida da entrevista foi quebrar o paradigma de que a implementação de robôs visa unicamente a substituição da mão de obra humana. Hugo Ferreira argumentou que, em setores industriais severos como a mineração, a siderurgia e, especialmente, as fundições, a automação deixou de ser uma mera tendência para se tornar uma necessidade inadiável.
Ele trouxe um exemplo prático e impactante do setor de fundição. Nesses ambientes, os operadores humanos são frequentemente expostos a temperaturas altíssimas, em condições de trabalho tão extremas que exigem um rodízio de pessoal a cada 15 ou 20 minutos para evitar o colapso físico. A exposição contínua a esse calor intenso não apenas degrada a qualidade de vida, mas, como apontou o especialista, pode reduzir a longevidade do trabalhador. É neste cenário que a robótica mostra seu valor mais profundo. Um robô industrial pode operar 24 horas por dia, sete dias por semana, em meio a temperaturas que seriam fatais para um ser humano, sem nunca se cansar ou sofrer os danos fisiológicos associados.
Ao alocar robôs para essas tarefas, as empresas não estão apenas otimizando a produção; elas estão, em primeiro lugar, protegendo ativamente a saúde e a integridade de seus colaboradores. A decisão de automatizar, portanto, transcende a busca por eficiência e se torna uma escolha estratégica e ética, alinhada com os mais altos padrões de segurança no trabalho e a NR-12, que regulamenta a segurança em máquinas e equipamentos. A “automação que salva” é exatamente isso: a tecnologia a serviço da vida, permitindo que as pessoas se afastem da linha de perigo e assumam papéis mais estratégicos, de supervisão e controle.
Diretor da PMA Automação concede entrevista para a TV Evangelizar
A Aplicação Prática: Robôs em Cenários de Risco Extremo

Para ilustrar a versatilidade e a importância da robótica, a entrevista abordou diferentes tipos de tecnologias e suas aplicações em cenários onde o risco é iminente. A apresentadora relembrou um trágico acidente real – a explosão de uma fábrica de explosivos na região de Curitiba –, um exemplo contundente de um ambiente onde a presença humana é inerentemente perigosa e a automação poderia ter prevenido a perda de vidas.
Hugo Ferreira detalhou o leque de soluções robóticas disponíveis para esses desafios:
- Robôs Antropomórficos: Estes são os robôs mais conhecidos no imaginário popular, com “braços” que mimetizam a mobilidade humana. Eles são amplamente utilizados em linhas de produção para tarefas como soldagem, manipulação de peças pesadas, montagem e pintura. Além de executarem o trabalho com precisão e velocidade superiores, eles eliminam os riscos de lesões por esforço repetitivo (LER) e acidentes de manuseio, que são comuns em operações manuais.
- Autômatos e Robôs Tele-guiados: Esta categoria de robôs é projetada para explorar ou trabalhar em locais completamente inacessíveis ou hostis aos humanos. O especialista citou exemplos como a inspeção de minas de barragem, onde o risco de colapso é uma ameaça constante. Em vez de enviar um técnico, um robô guiado remotamente pode entrar, coletar dados e realizar medições. Outros exemplos notáveis são os rovers utilizados na exploração espacial da NASA, que operam em planetas com atmosferas inóspitas.
- Robôs Caninos (ou Quadrúpedes): Uma das aplicações mais inovadoras discutidas foi a dos robôs quadrúpedes, como o famoso Spot da Boston Dynamics. Ferreira explicou que eles são ideais para a inspeção de cabines de energia de média e alta tensão. O arco elétrico e os campos eletromagnéticos gerados nesses locais representam um perigo invisível, mas letal. Esses ágeis robôs podem navegar por terrenos complexos e se aproximar dos equipamentos para realizar leituras e vistorias, garantindo a manutenção da infraestrutura sem colocar nenhuma vida em risco.
Cada um desses exemplos reforça a tese de que a robótica não é uma tecnologia genérica, mas um conjunto de soluções especializadas, projetadas para resolver problemas específicos e, acima de tudo, para atuar como uma barreira protetora entre o trabalhador e o perigo.

O Futuro do Trabalho: A Evolução das Profissões na Era da Automação
Uma das questões mais pertinentes levantadas foi sobre o impacto da automação no mercado de trabalho. Hugo Ferreira foi transparente ao admitir que, sim, a automação leva a uma reconfiguração da força de trabalho. Um único robô pode realizar a tarefa de vários seres humanos com maior eficiência, o que resulta em uma redução de postos de trabalho em funções puramente manuais e repetitivas.
Contudo, ele ressaltou que isso não significa o fim do emprego, mas sim a sua evolução, um tema amplamente debatido em relatórios como o “Future of Jobs” do Fórum Econômico Mundial. Para cada robô instalado, surge uma nova cadeia de necessidades e, consequentemente, de novas profissões. A automação cria uma demanda crescente por profissionais qualificados em áreas como:
- Robótica e Programação: Especialistas que podem programar, configurar e otimizar o funcionamento dos robôs, incluindo programadores de CLP (Controlador Lógico Programável).
- Manutenção Especializada: Técnicos com conhecimento em mecânica, eletrônica e software para garantir que os sistemas automatizados operem sem falhas.
- Ferramentaria e Integração: Profissionais que projetam e constroem as “garras” (end-effectors) e outras ferramentas que os robôs utilizam.
- Supervisão e Controle de Sistemas: Operadores que monitoram as linhas de produção automatizadas, tomando decisões estratégicas baseadas em dados.
O mercado de trabalho está se deslocando do “fazer” para o “pensar e gerenciar”. A exigência agora é por qualificação técnica, raciocínio lógico e capacidade de interagir com sistemas complexos, elevando o nível do trabalho humano.
Diretor da PMA Automação concede entrevista para a TV Evangelizar
O Cenário Brasileiro: Desafios e Oportunidades no Mercado de Robótica
Ao analisar o contexto nacional, Hugo Ferreira afirmou que o Brasil ainda está “engatinhando” na adoção da robótica. Ele citou dados da Federação Internacional de Robótica (IFR), que mostram um número de instalações anuais ainda modesto para o tamanho da economia brasileira.
Apesar desse desenvolvimento incipiente, o cenário é promissor. As principais fabricantes de robôs do mundo, como KUKA, Fanuc, Comau e Yaskawa, já possuem uma presença consolidada no Brasil. Mais do que apenas vender equipamentos, essas empresas investem massivamente na formação de mão de obra local, oferecendo treinamentos e certificações que capacitam profissionais brasileiros para trabalhar com tecnologia de ponta.
Essa iniciativa está criando um ecossistema de conhecimento e talento que é fundamental para impulsionar a automação no país. A mensagem é clara: embora o Brasil tenha um longo caminho a percorrer, as bases estão sendo construídas, e há uma oportunidade gigantesca para o crescimento da indústria.
A entrevista de Hugo Ferreira na TV Evangelizar foi um lembrete poderoso de que a narrativa sobre a tecnologia deve ser sempre centrada no ser humano. A robótica industrial, quando vista pela lente da segurança e do bem-estar, revela-se uma das maiores aliadas do trabalhador no século XXI, salvando vidas e permitindo que a humanidade prospere em segurança.
Assista à entrevista completa no YouTube: https://youtu.be/lXt4s8-aVsY